segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Novos poemas I - Rainer Maria Rilke



O poeta


Já te despedes de mim, Hora.
Teu golpe de asa é o meu açoite.
Só: da boca o que faço agora?
Que faço do dia, da noite?

Sem paz, sem amor, sem teto,
caminho pela vida afora.
Tudo aquilo em que ponho afeto
fica mais rico e me devora.
 

Der Dichter


Du entfernst dich von mir, du Stunde,
Wunden schlägt mir dein Flügelschlag.
Allein: was soll ich mit meinem Munde?
mit meiner Nacht? mit meinem Tag?

Ich habe keine Geliebte, kein Haus,
keine Stelle, auf der ich lebe,
Alle Dinge, an die ich mich gebe,
werden reich und geben mich aus.


(do livro “Coisas e anjos de Rilke”, traduções: Augusto de Campos, Editora Perspectiva)



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