Pedido de Natal
Nesse Natal
eu não quero patente de general
conta corrente de magnata
poder de presidente.
O que eu mais quero, Papai Noel
é essa mulher de presente.
Quero contemplá-la
conhecê-la
apaziguá-la
aguá-la de nuvens.
Quero entender essa mulher, Papai Noel
mas não muito.
Pois qual o prazer de esgotar na fonte
o mudo veludo dos lábios
os dentes risonhos que em meus sonhos despertam
outros sonhos
a mata virgem do olhar?
Também quero, Papai Noel
explorar o corpo dessa mulher
meu novo brinquedo
passeá-la da nuca ao tornozelo
do umbigo às escápulas
ali mesmo onde ela esconde
a pelo
seu mais íntimo segredo.
Absorvê-la pelos poros
aos poucos
em beijos loucos
sem regra e sem régua
até o fundo.
Pois quem não precisa de trégua, Papai Noel
nesta vida tão normal
neste mundo tão cruel?
Por isso vou deixar meu pedido de Natal
ao pé desta janela muda
quem sabe o vento me ajuda
e ela acerta
o caminho aqui de casa.
(do livro “O pó das paredes”, Ponteio)
Nenhum comentário:
Postar um comentário