quinta-feira, 1 de maio de 2014

Dobraduras - Alice Sant'Anna



Maio


Para Armando Freitas Filho

essa voz que escapa como fiapo
estria na pele imperceptível
pinga no vidro e derrama, maio
chega na ponta dos pés
com dias curtos e correntes
de ar. por pouco não despenca
(outono é ponte) e desafina,
mas maio se mantém meio
bambo na corda, se espirra
cambaleia, em maio dá vontade
de dormir até mais tarde


(do livro “Dobraduras”, Editora 7Letras)



Nenhum comentário:

Postar um comentário