terça-feira, 6 de maio de 2014

Marcos Nascimento



Colares


Para você exatamente em algum lugar onde não estás:
Aqui, rolaram-me sobre pântanos
Caminhei em dunas sem sentir os pés
Não pertence a lei o que é sem dono
Não faz chover o que é só vento e hálito quente
Abandono-te ao lilás do esquecimento
E volto ao vácuo de antigamente
Perdi o peso de certas manhãs, já me faziam falta os pássaros
Cuide-se ao sonhares, pode ser que te perco ao soluço da noite
E caias sem pranto no tardio pomar do solo
Eu jurava que teus dentes eram pérolas e me fazia colares e nunca ficavas banguela
Sabe-se lá o que esperam das conchas, creia-se joia, era-me verme
Nua, assim te gosto e meus dedos te vestem súplicas
E meus lábios te ferem
- Arrependimento.


Marcos Nascimento, 26 anos, escreve desde a puberdade, mas ainda não sabe como se livrar dela. Mora no Rio de Janeiro, mas não vê o nascer do sol há bastante tempo. Lançará de forma independente um livro de poemas e prosa chamado “Introexpedição”.



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