quinta-feira, 22 de maio de 2014

Ovos Brasil - Luiz Galvão



Novo Brasil

Mentira e opressão
atravessam o tempo
como carne e osso
Inserimos no contexto
a mentira de bolso.
“Não é nada disso
É a 1º. de abril
rá-rá-rá-rá-rá...
Nas nossas barbas,
e sem cuspe
Materializou-se
um mentir bem mais perigoso
Descoloração nacional.
Tentativas de cassar
o balanço e a profundidade
da música popular.
Imitation-chon
Sumo do lixo.
Futebol sem drible,
over-lipping
e outras colonizações
Até nós no estado menino
quantas vezes,
em protesto,
nos sentamos no maraca
quando a banda entoava
nosso hino?

Novos acordes
como em tempo de bossa
Ternura e esperança
Fora ideologias
Ideias sempre
Caminho social.
Adeus à violência
Greve enquanto grave
Ataque ao desemprego
e à recessão
Sonhos ao vivo.
ACORDAMOS
verde e amarelo
combinando em nós olhos
Enfim somos viáveis
como é visível o sol
mais vale um gol suado
criado na categoria
que outro feito de mão
ou de impedimento
com as vistas grossas do juiz
e com os braços de chumbo
dos bandeirinhas da anti-República

Abram bem os olhos
essa terra tem tudo
para alimentar
essa tribo civilizada e colorida
Chega de feijão com arroz
e que a mentira se restrinja
ao 1º. de abril


(do livro “Ovos Brasil”, Editora Brasiliense)



Nenhum comentário:

Postar um comentário