Ars poética/ operação limpeza
Assi me tem repartido extremos,
que não entendo...
(Sá de Miranda)
I – SAUDADE é uma palavra
Da língua
portuguesa
A cujo
enxurro
Sou sempre
avesso
SAUDADE
é uma palavra
A ser
banida
Do uso
corrente
Da expressão
coloquial
Da assembleia
constituinte
Do dicionário
Da onomástica
Do epistolário
Da inscrição
tumular
Da carta
geográfica
Da canção
popular
Da fantasmática
do corpo
Do mapa
da afeição
Da praia
do poema
Pra não
depositar
Aluvião
Aqui
Nesta ribeira.
II – Súbito
Sub-reptícia
sucurijuba
A reprimida
resplandece
Se meta-formoseia
Se mata
O q
parecia pau de braúna
Quiçá pedra
de breu
Quiçá pedra
de breu
CINTILA
Re-nova
cobra rompe o ovo
Da casca
velha
SIBILA
III – SAUDADE
é uma palavra
O sol
da idade e o sal das lágrimas
(revista Imã)
(do livro "O mel do melhor", Editora Rocco)
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