quarta-feira, 14 de maio de 2014

Primeira parte: poesias políticas - Maury de Souza

Luta


Vamos pra rua na luta,
mesmo que não hajam holofotes,
falaremos mais alto que com megafones,
nem armas de fogo, nem arcos e flechas,
nosso tiro certeiro está em nossas verdades,
desnudando a conquista do gentio,
ou a colonização do negro da terra,
a usurpação do território nacional,
a transformação da pátria em cidades-estados
nas mãos da velha nobiliarquia patrícia,
pois somos todos escravos e plebeus,
continuamos construindo coliseus,
estávamos com Zumbi em Palmares,
junto com o Mouro capitão,
aguardando Domingos Jorge Velho,
nos retiramos para a Serra Talhada,
para ouvir Luís Carlos Prestes,
na tocaia junto com Lampião,
subimos nas árvores com Chico Mendes,
seguramos nas mãos da irmã Doroty,
estávamos de peito aberto em Carajás,
bebemos um dia antes com Galdino,
fizemos reforma urbana nos prédios desocupados,
marchamos contra a ditadura perene,
invadimos o Congresso junto com os índios,
e oferecemos nossa luta como um guerrilheiro,
até nossa voz se tornar o gigante,
limparmos os velhos vícios da república,
mostrando a sujeira debaixo do tapete,
sempre defendendo a causa pública.



(do livro “Depois da terra de ninguém”, edição do autor)



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